"A vida, mesmo que às vezes sofrida, é tão curta e tão bonita pra não ser vivida"

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

viajando com desconhecidos

Esse episódio foi um dos últimos da minha terapia, mas eu quero contar logo antes que esqueça dos detalhes.

Só pra relembrar, em 2010 eu estava em outra universidade. Não fiz nenhum amigo porque só fiz matérias com turmas que já estavam terminando o curso, assim as panelinhas já eram bem formadas e não foi fácil "entrar". Em novembro teve um congresso em outra cidade e eu me inscrevi porque ia rever meus colegas da minha faculdade. Comecei a pesquisar preços de ônibus pq iria sozinho. Daí me falaram que ia sair um ônibus da universidade. No momento pensei em ir sozinho mesmo porque ficaria com vergonha de viajar com o pessoal que eu não conhecia, mas acabei colocando meu nome na lista pra tentar enfrentar e também pra economizar hehe.

Antes da viagem eu falei com a psicológa e ela me orientou a ficar calmo, tentar conversar, responder com calma... Ela passou 3 tarefas: conversar com alguém antes, durante e depois.
Chegou o dia e eu fui pro local de onde saíria. Só tinha uma menina que eu não conhecia. Eu cheguei e perguntei se ela iria para o congresso, ela confirmou e disse que chegou muito cedo. Nos meus tempos antigos, eu daria um riso leve e encerraria por ali a conversa. Mas consegui dizer que eu também cheguei mais cedo, porque sai cedo de casa com medo de perder o ônibus.
Enquanto esperávamos, foram chegando mais pessoas. Uma que eu conhecia estava conversando com os amigos e pediu que eu tirasse uma foto. Foi tranquilo, não senti nada, tirei a foto e continuei esperando.

Aconteceu que deu um problema no ônibus e ele iria chegar só 2 horas depois. Eu resolvi não voltar pra casa porque era um pouco longe, não ia compensar. Aí vi 3 pessoas que eu conhecia saindo e indo andar pelo centro. Juntei muita coragem e perguntei: vocês vão ficar aqui pelo centro mesmo? acho que também foi ficar porque até chegar na minha casa já é hora de voltar pra cá.

aí uma respondeu: sim, a gente vai dar uma andada. Você pode vir com a gente.

Esse "você pode" foi muito ruim. Deu a impressão de que estavam fazendo um favor pra mim. Mas mesmo assim eu fui. Durante o caminho não conversei nada, mas fiquei atento na conversa esperando uma hora de falar. Chegamos num shopping e duas meninas foram comprar brincos e eu fiquei esperando do lado de fora com o colega. Eu resolvi perguntar de uma prova que a gente havia feito. Eu disse:

- Você acha que se saiu bem na prova de ontem?
- Ah tem que esperar o resultado né
- É... na primeira eu tirei 27
- A primeira eu sai bem tbm, tirei 26

E acabou ai. Depois ele falou que elas tavam demorando demais e eu só respondi com um "é mesmo". A gente caminhou mais um pouco e depois fomos almoçar. Em alguns momentos eu entrava na conversa e comentava alguma coisa. Já estava me sentindo bem mais tranquilo e introsado.

O ônibus chegou e nós entramos. eu sentei numa poltrona vazia e ninguém sentou do meu lado. Confesso que gostei disso. Acabou que eu não falei nada com ninguém durante a viagem como a psicóloga havia proposto.

Chegando no local, eu ficaria hospedado numa república de uns estudantes que eu encontrei no orkut. combinei o preço com eles e peguei o endereço. Cheguei lá e eles me mostraram o quarto, eu fiquei o tempo todo lá. A noite havia um coquetel e eu perguntei se tinha horário pra voltar ou se eles me emprestavam uma chave. No outro dia acordei e fui para a sala assistir televisão com eles mas não consegui conversar nada, só respondia algumas perguntas deles.

Durante o evento eu encontrei com meus colegas da minha faculdade e fiquei com eles. Foi o primeiro encontro depois do inicio da terapia e eu fiquei um pouco apreensivo, com medo de não conseguir mostrar resultados e tal. Acabou indo tudo bem, contei histórias do meu intercâmbio, perguntei das novidades, conversamos bastante, fomos pra festa, etc.

Teve um coquetel que eu fui com meus colegas. Lá eu bebi e comecei a dançar. Todo mundo que tinha viajado comigo ficava assustado com a minha diversão, porque o Jr que eles conheciam era super tímido e calado. Quando eles chegavam e falavam coisas do tipo "noossa você tá bebendo?", "que isso?!", "uai você dança?", "gente, esse é o Jr que eu conheço?" eu ficava com um pouco de vergonha, mas já tinham sido tantas vodkas que eu nem liguei tanto.

No outro dia, todo esse pessoal veio falar comigo. Disseram que eu surpreendi, que não sabiam que eu gostava de festa, que eu parecia muito fechado e que por isso eles não se aproximavam, me chamaram pra sair com eles... Foi um banho de água fria porque eu percebi que perdi tempo com medo deles, enquanto eles que tinham medo de mim.

A partir desse dia, sempre que eles me encontravam na faculdade me cumprimentavam, perguntavam quando a gente ia sair e tal. No meu último dia nessa universidade a gente tirou fotos, eles disseram que gostaram de me conhecer apesar de eu ser muito calado, até os professores se despediram de mim.

Uma lição ENORME que eu tirei disso tudo foi que grandes amizades são perdidas por causa da timidez. Quando eu cheguei, as panelinhas já estavam formadas mesmo, eles todos já se conheciam e eu era um estranho. Mas eu chegava e só dizia um bom dia. Podia chegar e perguntar da universidade, conversar sobre os nossos cursos. Quando tinha um trabalho em grupo eu sempre era o último a ser escolhido, talvez eles não me chamavam porque pensavam que eu gostava de fazer sozinho. Se eu tomasse a atitude de convidá-los, o ano teria sido muito melhor.
A partir de agora eu sempre tento me aproximar das pessoas. Algumas vezes não dá certo, a pessoa se mostra desinteressada e a vergonha vai lá em cima, mas pelo menos eu tentei.


PS: apesar do título, eu não tenho vergonha de viajar com desconhecidos, como num ônibus de viagem. A dificuldade nesse caso seria porque viagens de faculdade são sempre animadas, o pessoal sempre se diverte e eu estava com medo de não interagir com eles.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Indo sozinho a uma festa

Talvez tantos anos sem grandes amizades criaram mais do que uma carência, criaram uma necessidade de estar acompanhado. Todos os meus momentos de timidez envolvem situações que eu estou sozinho. Se tiver outra pessoa comigo eu não sinto tanta vergonha.

Outra coisa que possivelmente tem a ver com os anos de solidão é a vontade de sair sempre. Depois que entrei na faculdade comecei a sair pra festas, coisa que nunca havia feito antes. Foi então que passei a querer ir pra todo tipo de festa, como se estivesse no auge da adolescência. Mas por falta de companhia acabo não indo. Sempre digo que o pior da timidez nesse caso não é lembrar dos anos perdidos mas sim ter criado coragem e vontade de sair e não ter companhia.

A primeira vez que eu fui em uma balada sozinho foi um desastre. Cheguei meia noite e paguei 35 só pra entrar, levei uns foras, acabou o dinheiro pra bebida e fui embora 2:30h. Pode ser até uma ilusão, mas imagino que ir com um amigo fica mais fácil até pra levar um fora, porque você pode fazer piada da situação, rir e tal. Outra coisa que me incomodou foi que de todo mundo que eu observei nessa balada, além de mim o único sozinho era um cara velho que ficava isolado num cantinho. Além de eu ter pensado nessa hora "coitado, ele não tem amigos", eu imaginei estar vendo meu futuro.

Algo que eu gosto muito e costumo ir sozinho é show. A maioria dos que eu fui eu estava sozinho. Na hora de chegar é horrível porque eu vejo todo mundo em grupos e só eu sozinho. Enquanto o show não começa é pior ainda, porque todos ficam bebendo e conversando juntos e eu fico de braços cruzados olhando pro ar. Quando o começa o show a situação melhora, mas eu continuo me sentido estranho. Depois de algumas músicas eu esqueço tudo e começo a cantar e dançar sem medo de ser feliz. No final, eu pego e vou embora enquanto os outros continuam juntos andando e conversando.

Aproveitei que teria um show que eu gosto muito e contei isso para a terapeuta. Seria a oportunidade ideal pra tentar mudar esses pensamentos. Todas as idéias dos encontros anteriores podiam ser aplicados aqui de novo, tanto que a nossa conversa foi parecida com as anteriores. Ela me alertou pro fato de que uma pessoa vai pra se divertir e não pra ficar observando os outros. Se você olha para o lado e vê uma pessoa sozinha pode ser porque a companhia dela foi comprar bebida, foi no banheiro, ainda nao chegou, etc. Se eu vou sozinho no show pode ser porque meus amigos não gostam do cantor, ou estavam sem dinheiro. Pode ser que eu seja de outra cidade e tenha ido para o show do meu ídolo. Enfim, ela apontou várias possibilidades de pensamentos que os outros poderiam ter a meu respeito que não seriam ruíns. Aí ela também treinou comigo algumas respostas que eu poderia dar caso alguém perguntasse se eu iria sozinho. Inicialmente eu responderia assim:

Pessoa: Você vai sozinho no show?
Eu: vou..... (de uma forma bem cabisbaixa)
Pessoa: Por quê?
Eu: ah, porque não tem ninguém pra ir comigo......

Ela disse que essa resposta nessa entonação e com essas palavras só ia reafirmar o que eu tanto temia - a idéia de que eu não tinha amigos. Então ela pediu pra eu tentar mudar, colocar mais firmeza e ser mais assertivo:

Pessoa: Com quem você vai no show?
Eu: Por enquanto com ninguém, vamos?!

Pessoa: Você vai no show com quem?
Eu: Sozinho! Gosto tanto que vou até debaixo de chuva!

Pessoa: Você foi sozinho no show?
Eu: Fui sim, e estava tão divertido que você não faz idéia do que perdeu!

Assim, eu fui tentar colocar em prática.
Era a primeira vez que eu ia no local do show, não sabia direito como chegar. Fui para o ponto de ônibus e perguntei para umas pessoas se o ônibus que eu queria passava ali (pedir informação era uma coisa que eu também tinha dificuldade). Quando o ônibus parou, uma outra pessoa que estava no ponto perguntou para o cobrador se aquele ônibus passava no lugar do show e eu aproveitei e entrei.

Pensei que se encontrasse alguém indo também sozinho iria sentar junto e tentar puxar assunto, mas todos estavam acompanhados. Quando eu vi que eles iam descer, eu fui atrás. Pensei em tentar me enturmar mas achei melhor não. Fui andando, conhecendo o lugar, quando cheguei na portaria vi vários alunos meus (em grupos) e tentei não me incomodar. Eles ainda não me conheciam, então não conversamos.

Entrei, passei pelo bar e resolvi comprar uma cerveja. Eu nunca tinha tomado cerveja sozinho em algo assim. Logo em seguida começou o show de abertura, e desde o início eu comecei a cantar e dançar. Constantemente olhava para os lados pra ver se encontrava algum conhecido e também pra observar se havia mais alguém sozinho, e havia sim! Isso me animou e eu parei de me preocupar.

O show principal era de lançamento de um DVD, as músicas eram todas inéditas mas eu já sabia cantar todas porque consegui o CD em primeira mão. Daí eu sentia como se tivesse pagando um mico com todo mundo calado e eu lá pulando e cantando feito doido, mas consegui controlar isso e não parei um minuto.

Acabou o show e começou o show de encerramento. Nessa hora me deu vontade de ir embora porque começaram de novo os pensamentos negativos. Forcei e ao invés de ir embora, fui pra frente do palco! Além das pessoas me verem dançando, até os cantores estavam vendo agora. Não importei, fiquei assim até o final. Quando acabou tudo, eu fui embora.

No fim, eu tive um desempenho ótimo. Fiquei muito contente de ter tido momentos de recaída e ter conseguido enfrentá-los até vencer.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Como o mundo vê os tímidos?

Tava rolando um debate desse na comunidade e eu lembrei de um episódio que aconteceu comigo e resolvi compartilhar.

Como eu falei no primeiro post, eu faço faculdade e cursei os dois semestres de 2010 em outra universidade através de um convênio. No fim do ano eu fui num congresso que foram também os meus colegas da minha universidade de origem. Lá nos reencontramos e foi muito bom pra matar a saudade.
O fato que aconteceu foi o seguinte: uma das minhas veteranas me viu já no fim do evento e falou assim: Uai você tá aqui? Tava escondido?

Primeiro, tinha um ano que ela não me via, mesmo a gente não tendo muita intimidade, ela não perceber que eu tava sumido mostra que eu era visto só como um qualquer. Mas a pergunta dela, se eu tava escondido, deixou bem claro a visão que ela tinha de mim: uma pessoa arisca, que tem medo do contato social, que evita se introsar e que passa despercebida.
Isso me fez refletir um pouco. Eu me esforçava pra deixar um traço, mínimo que seja, na vida das outras pessoas? Eu fazia com que as pessoas me notassem?

Foi chegando o fim desse meu convênio e eu voltei pra minha casa. Passei um ano lá naquela cidade desconhecida. Conheci algumas pessoas, fiz uns amigos, mas o tempo acabou. Será que hoje eles ainda lembram de mim? Será que daqui 1 ano eles me reconheceriam se eu passasse por eles na rua? Fiz meu primeiro estágio naquela cidade. Será que meus alunos gostariam de me ver novamente?

A gente luta tanto pra passar despercebido em algumas situações que acaba criando uma personalidade invisível, que ninguém nota. E essa exclusão também magoa. Vira um paradoxo: quero que as pessoas me notem, mas não quero ser visto.
Acho que a chave pra vencer isso é ter uma atitude mais ativa. Um cumprimento, um elogio, um favor atendido, uma brincadeira... qualquer dessas atitudes nos aproximam das pessoas. E quando elas vêem que nós somos "normais", param de pensar coisas erradas a nosso respeito.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Comendo em público II

No encontro seguinte, a terapeuta perguntou o que eu sentia quando comia na frente de alguém. Minha resposta foi que talvez a principal preocupação era que eu podia fazer alguma coisa errada como deixar cair na roupa e a pessoa ver., mas que eu não sabia direito porque ter esse receio. Foi aí que ela tirou um salgadinho da bolsa e pediu pra eu comer na frente dela enquanto a gente conversava. A sensação de mastigar e ela me olhar fixamente foi bem ruim, apesar de que tem um sentido diferente fazer na frente dela porque ela sabe da situação. Aí a gente começou a conversar e eu enrolei e não comi mais.

O que pensava sobre comer em público era parecido com o post anterior sobre beber na rua, mas ao contrário, comer nos "lugares adequados" sozinho também me incomodava. Em qualquer lanchonete, restaurante, eu compro e levo pra comer em casa. Durante a sessão a gente foi colocando os possíveis pensamentos que as pessoas poderiam ter ao me ver comendo um salgado na rua. Eu poderia estar com fome, talvez não tive tempo de almoçar, precisava ingerir algo antes de tomar um remédio, senti o cheiro quando passei na porta da lanchonete e fiquei com vontade, a pessoa tá olhando porque ficou com vontade e por aí vai. Não havia nenhum problema nisso. Claro que eu não iria comer de forma estranha, ficar com a boca toda suja porque isso sim chamaria a atenção, do contrário eu passaria despercebido e na pior das hipóteses alguém olharia e pensaria alguma das afirmações anteriores.

Parece fácil quando se imagina a situação mas na hora de colocar em prática não é tão simples. Por isso ela propôs que eu praticasse isso durante a semana. Na saída do centro eu fui para o ponto de ônibus e fiquei comendo o salgadinho que ela tinha me entregado. Fiquei olhando fixamente para um ponto qualquer e não percebi se alguém me olhou. Quando terminei de comer, atravessei todo o ponto e fui até a lixeira jogar o papel no lixo. Continuei firme sem prestar atenção nas pessoas.
Durante a semana eu fui ao supermercado e na volta vim comendo uma bolacha. Algumas pessoas passavam e eu tentava não observar. De forma inconsciente eu tentava disfarçar o movimento de pegar outra bolacha, sempre fazia quando não passava nenhuma pessoa ou nenhum carro.

No encontro seguinte eu relatei que consegui fazer mas que evitava olhar nas pessoas. Ela então pediu que tentasse repetir mas olhando nos olhos das pessoas enquanto eu mastigava. Nas primeiras tentativas eu continuava sentindo que estavam me julgando negativamente por comer na rua mas fazia um esforço e conseguia enfrentar essa sensação. Cada vez que eu repetia ia ficando mais fácil. Passei da bolacha para pão de queijo, depois salgado, outro dia com salgado e refrigerante, sentei numa lanchonete e comi um pastel... Hoje eu já não tenho tanta dificuldade pra fazer essas coisas, mas ainda vem aqueles pensamentos de que é melhor evitar isso. Em breve vou comentar sobre esses pensamentos.

Outra dificuldade que eu tinha relacionada à esse assunto era comer no restaurante universitário. Se fosse um restaurante comum eu via como uma situação constrangedora mas que se encerrava quando eu fosse embora. Agora no RU era diferente porque sempre estavam as mesmas pessoas, eu ficava com a impressão de que sempre iam me observar. Também havia a sensação de que poderiam perceber que eu estava mastigando feio, ou com a boca suja, ou que sujei a roupa, mas algo que me incomodava mais nessa situação específica era o fato de ir almoçar sozinho. Como estava em outra universidade não tinha amigos e sempre fazia as coisas sozinho. Mas eu colocava na cabeça que os outros iriam me ver almoçando sozinho e pensariam: "coitado, não tem amigos nem pra almoçar". Por causa disso eu buscava ir em horários onde o movimento era menor, tentava achar uma mesa vazia e comia super rápido. No jantar onde o movimento era menos da metade do movimento do almoço eu sentia que era mais fácil. Mas então a terapeuta me fez umas indagações: comer rápido não chama mais atenção do que comer normal? ficar sozinho numa mesa não me deixa mais exposto do que se tivesse numa mesa cheia? ir quando tem poucas pessoas não aumenta a probabilidade delas me notarem?
Ela então explicou que esses eram medos infundados, que estavam surgindo por causa dos julgamentos que eu fazia de mim mesmo e tentava transpôr para as outras pessoas. Eu realmente não prestava muita atenção nas outras pessoas. A não ser que ela estivesse sentada na minha frente na mesma mesa, não teria como observar a roupa suja de comida, ou uma mastigação estranha. Quanto ao fato de ir sozinho, a terapeuta perguntou se eu tinha amigos e eu disse que naquela universidade não. Aí ela disse que as pessoas não sabiam a quanto tempo eu estava naquela universidade. Eu poderia ser um calouro e por isso ainda não ter feito amizades. Ou eu poderia ter saído mais cedo da aula por causa de uma prova. Mas eu pensava que por ir sozinho todos os dias, as pessoas iriam pensar justamente aquilo. Ela então perguntou se eu observo todo dia a mesma pessoa na hora do almoço e quantas vezes eu já vi ela (a terapeuta, que também almoça lá) almoçando. Realmente eu não observava sempre as mesmas pessoas, inclusive nunca vi a terapeuta lá. Em média almoçavam 5 mil pessoas por dia, não faz sentido imaginar que essas 5 mil vão almoçar no mesmo horário que eu e que todo dia vão me ver.
Aos poucos eu fui criando coragem e enfrentando esses medos do RU, mas foi uma das dificulidades mais difíceis de vencer.

O principal que eu aprendi nesses dois encontros foi que as pessoas não ficam o tempo todo observando se a pessoa do lado tá comendo direito, mastigando bem, tá segurando o talher da forma correta. As preocupações do dia-a-dia são mais relevantes que um desconhecido qualquer, por isso não faz sentido evitar essas situações por medo de julgamentos que não vão existir. Uma forma de praticar isso é quando sair de algum lugar tentar lembrar dos detalhes das pessoas como a cor da roupa ou o que fizeram (claro que sem entrar no lugar com o intuito de prestar atenção nesses detalhes). Quando sair, você não lembrará de muita coisa porque mesmo que tenha observado, foi uma coisa passageira que não significou tanto a ponto de ser guardado na memória.

Comendo em público

Os encontros seguintes foram guiados pela tabela de dificuldades. O objetivo era conseguir enfrentar aquelas atividades e torná-las cotidianas.

As atividades de dificuldade zero (escrever com alguém olhando, fazer compras, beber em um bar) não eram difíceis de fazer, portanto era preciso analisar o que eu sentia na hora. Quando escrevo com alguém por perto não me sinto incomodado. Mesmo se a pessoa possivelmente pensar que minha letra é feia isso não é um problema que eu deva me preocupar. Para fazer uma prova, me concentro e mal percebo a presença dos colegas. Beber refrigerante sozinho em um bar também não é difícil, sempre faz calor aqui e não tem nada de mais em se refrescar com uma bebida. Beber cerveja sozinho seria dificuldade 10, mas isso é pra outro tópico.

Partimos então para a análise das atividades de dificuldade 1 e 2 que seria beber em público na rua. A terapeuta pediu uma situação que eu ficaria tímido. Seria por exemplo eu comprar um refrigerante e sair bebendo na rua enquanto vou para algum lugar. Por que eu me incomodava com isso? Analisando por fora é totalmente sem sentido, mas eu tinha um rigor muito grande sobre os lugares e momentos certos de se fazer as coisas. Eu pensava que o lugar de beber era no bar, na lanchonete, assim como de comer era em casa ou no restaurante. Fazer isso em outras circunstâncias me parecia fora do lugar e assim seria passível de julgamentos negativos.

Então a terapeuta perguntou o que eu penso quando eu vejo uma pessoa andando na rua com uma latinha na mão. Sinceramente eu não penso nada de mais. Ela deve estar com sede, com calor, só isso. Aí ela me mostrou uma característica da timidez: eu não me preocupava com a opinião dos outros, eu me preocupava com a minha própria opinião mas projetava no pensamento dos outros. Ou seja, "beber na rua é errado" não é a opinião da pessoa que vai me ver, é uma opinião minha que eu acreditava que os outros estavam pensando. Mas por que quando era eu o observador eu não fazia o mesmo julgamento? Porque não era um julgamento reto, era um julgamento parcial. Era como se eu fosse o escolhido pra ser julgado negativamente. A sensação é que as pessoas não observam os outros, só observam a mim, e quando o fazem é de forma negativa.

A terapeuta então perguntou o que as pessoas poderiam pensar se me vissem tomando refrigerante na rua. Eu pensei um pouco e disse que no máximo pensariam que eu estava com sede. Daí percebi que o problema não está na atividade em si, o problema é no meu modo de ver a ação. Se fosse analisar, todas as atividades da tabela envolviam a mesma questão: é uma coisa corriqueira que eu não importo de ver alguém fazendo, mas se for eu fazendo todos vão olhar.

Assim a gente concluiu o encontro e eu percebi que devia parar de colocar pensamentos na mente dos outros ou ficar imaginando o que eles estão pensando. Eu não sei o que se passa na cabeça da pessoa, se ela não falar eu nunca vou saber, então pra que gastar tempo pensando nisso?
No final do encontro ela propôs que eu comprasse um refrigerante e tomasse no caminho de volta para casa. Depois das discussões eu me sentia bem motivado e sempre fazia o que ela dizia. Saí de lá, parei numa lanchonete em frente o ponto de ônibus, comprei uma coca-cola e fui tomando dentro do ônibus. Detalhe que eu me sentei na última poltrona, bem isolado das outras pessoas.

Essa primeira conversa me abriu os olhos pra realidade: eu não sou um ponto vermelho numa multidão azul. Se alguém me notar, não vai me julgar por uma coisa tão simples como beber na rua e mesmo que pense uma coisa absurda eu provavelmente nunca vou voltar a vê-la, por que me preocupar?

Mensurando a timidez

Na segunda sessão, a terapeuta pediu que eu fizesse uma tabela com atividades que eu sinto vergonha e que avaliasse cada situação com uma nota de 0 a 10, onde 0 é algo que eu faço sem ter vergonha e 10 é algo impossível de fazer.
Em cada encontro a gente conversava sobre a dificuldade e durante a semana eu devia tentar fazer alguma delas.
A tabela ficou assim:

Atividades

Níveis de dificuldade

  • Escrever com alguém olhando
  • Fazer prova
  • Fazer compras
  • Beber refrigerante em um bar

0

  • Beber em público na rua

1 ou 2

  • Olhar nos olhos de uma pessoa conhecida

3 ou 4

  • Sugerir ideias em um grupo de pessoas conhecidas
  • Ir acompanhado a uma festa
  • Telefonar para alguém que não conhece

6

  • Comer em público
  • Falar com pessoas de autoridade
  • Proferir uma palestra ou apresentar um trabalho sozinho
  • Falar com pessoas que não conhece
  • Pedir informações
  • Olhar nos olhos de uma pessoa desconhecida
  • Fazer sinal no ponto de ônibus
  • Responder questões em sala de aula
  • Ir almoçar sozinho no restaurante
  • Dizer "não" a alguém que pediu um favor

7

  • Sugerir ideias em um grupo de pessoas desconhecidas
  • Proferir uma palestra ou apresentar um trabalho em grupo
  • Discutir com um vendedor ou dizer "não" na compra de um produto
  • Entra em sala de aula, cinema ou igreja depois do início
  • urinar em banheiro público
  • Fazer perguntas em sala de aula

8

  • Ir sozinho a uma festa
9
  • Começar uma conversa com desconhecidos
  • Andar de bermuda e chinelo em certos locais

10

Buscando a origem da timidez

Na minha primeira sessão, a terapeuta pediu que eu contasse minha história desde a lembrança mais antiga a fim de verificar como a timidez evoluiu nesse período. Vou contar resumidamente.

Dos netos da minha avó, eu fui o terceiro a nascer, no entanto quando eu nasci meus dois primos já moravam em outra cidade. Na vizinhança que eu morava não havia crianças, é aí que começou meu problema, desde pequeno eu não pratiquei como se relacionar socialmente.
No meu primeiro dia de aula eu lembro que no intervalo os colegas me chamaram para brincar de esconde-esconde e eu não fui porque não sabia brincar daquilo!
Eu tinha medo de entrar na escola, tanto que entrei só com 7 anos, mas não lembro se era medo das pessoas por causa da timidez ou se era só por não ter o dia todo para ficar brincando.

Quando eu entrei eu mudei de ideia e passei a gostar. No pré eu me dava bem com todos os colegas, mas não tinha uma amizade tão firme com nenhum porque nunca fui na casa de ninguém nem nunca foram na minha. No fim do ano as professoras viram que eu estava bem adiantado em comparação com o resto da turma e me mandaram direto pra segunda série. Esse fato de ter sido dispensado da primeira série me causou um pouco de problemas no futuro.

Até a quarta série eu permaneci na mesma escola e com os mesmos colegas. Todos gostavam de mim, e eu não era muito tímido, sempre participava das aulas, no recreio brincava com todos, cantava em festivais de música da escola, etc. Mas ainda assim era uma amizade só dentro da escola, fora dela não acontecia nada. Lembro que a primeira vez que eu levei colegas na minha casa foi quando eu fazia a quarta série.

Eu cursei da quinta série ao terceiro ano do ensino médio em outra escola, com outros colegas. Foi aí que a situação começou a piorar. Eu cheguei e me deparei com pessoas diferentes, que eu não conhecia. E por viver sempre com os mesmos, foi difícil a adaptação. Na quinta série o meu número na chamada foi o 24, o que gerou muitas piadinhas. Por eu ser um aluno interessado, os professores logo começaram a me dar mais atenção e os colegas começaram a me ver como nerd.

Na sexta série a barreira ficou ainda maior, eu me afastei por vontade própria, não por timidez mas porque não me sentia bem com eles. Fazia questão de mostrar que era um aluno aplicado e era até arrogante nesse ponto. Na nossa escola no início de cada ano havia uma eleição pra escolher o aluno lider, que seria aquele responsável pela turma em gincanas, arrecadações, etc. Por ser um cargo de responsabilidade, eu sempre queria ser eleito mas por causa do distanciamento poucas pessoas votavam em mim. Talvez numa atitude de piedade, na sétima série eles me elegeram. Isso me fez perder um pouco a antipatia e me enturmar com eles. Nesse ano teve uma festa junina e eu fui com dois colegas (eu adorava festa junina, dançava todo ano mas sempre ia com minha família), foi oficialmente a minha primeira saída com amigos.

Na oitava série fiz algumas amizades. Tinha 3 colegas que todo dia depois da aula vinham até minha casa pra gente jogar video-game. Mas os 3 tinham dificuldade e eu ensinava eles, era meio que uma amizade por interesse.

No ensino médio, apesar de ser a mesma turma, nós estávamos mais maduros e eu fiz algumas amizades com umas colegas. No terceiro ano eu comecei a ficar todos os dias dentro da sala na hora do recreio. De repente, eu ficava com vergonha de sair e ficar caminhando nos corredores sozinho. Pensava que iam me olhar e pensar que eu não tinha amigos.

Na questão de festas eu nunca tive muita vontade de sair. Eu tinha aversão à bebida, não gostava de sertanejo que é o ritmo que predomina aqui nem sabia dançar. Nunca fui convidado pra sair, mas se fosse certamente negaria.

Passei no vestibular e fui morar em outra cidade. Nesse intervalo eu já estava com um excesso de timidez em algumas situações e foi aí que eu comecei a pensar se eu podia estar com uma doença psicológica. Nessa época eu também senti que nunca tive um amigo de verdade, nunca tive um relacionamento e vi a mudança de cidade como uma oportunidade pra correr atrás do tempo perdido.

Me mudei, comecei a morar num alojamento com vários outros universitários. Cheguei lá e a timidez me atacou de forma assustadora. Nos primeiros dias eu não tinha coragem de sair pra fora e ir comer no refeitório. Passei uma semana almoçando e jantando biscoito de chocolate. Na faculdade, por sorte, já no primeiro dia o professor passou um trabalho em grupo e dois colegas perguntaram se eu queria fazer com eles. A gente foi pra biblioteca e fez o trabalho, mas sem muita interação. Outra vez eu estava estudando na biblioteca sozinho e um grupo de colegas foi me chamar pra estudar com eles. O meu curso é difícil, exige muita interação entre os colegas, por isso estamos estudando sempre em grupo. Assim foi fácil me enturmar, apesar de eu nunca tomar a atitude de convidar.

No alojamento eu passei a comer no refeitório, mas sempre buscava uma mesa vazia e um horário menos movimentado. Passava pelos vizinhos e não conseguia dizer nem oi. Alguns vizinhos tentavam conversar comigo mas eu só respondia coisas do tipo "aham", "não", "sim", ou dava uma risada sem graça. Foi indo eles desistiram de tentar puxar assunto comigo e eu parecia um fantasma, passava por eles e ninguém me notava. Nesse lugar havia sala de tv, sinuca, piscina, etc e eu nunca tive coragem de usar nenhum desses. Quando faziam festa e me chamavam eu sempre inventava uma desculpa pra não ir.

1 ano depois de ter começado a faculdade eu sai pela primeira vez com os colegas pra um bar. Fomos comemorar o meu aniversário e foi muito bom. A partir daí eu consegui me soltar mais com eles e a gente faz festas ou sai pra bares sempre que possível. Mas eu ainda tenho o problema de amizades superficiais. Eu não consigo conversar, não tenho assunto, não sei iniciar uma conversa, não sei manter um diálogo. Desse jeito as pessoas cansam de mim e eu acabo virando só um colega.

O meu terceiro da faculdade eu cursei em outra universidade. Fui pra uma cidade bem maior que aquela que eu morava e fiquei 2 semestres lá. De início, eu pensei que seria uma chance de aprimorar mais os avanços que eu tive quando mudei pela primeira vez, porque eu já estava incomodado com a timidez e tentava controlar sozinho. Chegando nessa cidade, estranhamente a timidez aumentou exponencialmente e eu não conseguia nem levantar a mão no ponto de ônibus. Perdi pontos por não responder questões oralmente em sala de aula, só escutava os debates sem dar minha opinião, não me sentia bem comendo no restaurante. Foi aí que eu resolvi procurar a terapia, porque até então na cidade onde eu morava não existia essa opção sem custo. Cheguei na cidade em março e só fui sair pra uma festa em setembro. Fui sozinho e incentivado pela terapeuta. No fim do ano sai pra mais festas e no final consegui até me socializar com meus colegas.

Isso é um pouco da minha história. Só relatei os acontecidos na vida escolar porque até os 20 anos minha vida era somente escola e casa.

O que é timidez?

Se você pesquisar na internet vai encontrar várias definições para timidez. Até pra gente que tem esse problema é difícil definir porque é algo muito amplo e complexo. mas basicamente timidez é um traço da personalidade que causa desconforto nas relações sociais. Vergonha, ansiedade, nervosismo e medo são sentimentos comuns quando uma pessoa tímida tem que lidar com outra pessoa. Por causa disso, os tímidos tendem a se separar da sociedade e manter um comportamento mais introvertido.

A intensidade da timidez varia de pessoa para pessoa. Para alguns é difícil proferir um seminário na frente da turma, para outros é difícil acenar para o ônibus para no ponto; alguns não conseguem expor sua opinião e outros ficam com medo de chegar na pessoa que está interessada.

O que se passa na cabeça de um tímido é algo muito complexo também, mas no geral há uma preocupação exagerada com o que as outras pessoas podem pensar de você. Assim, o medo de fazer algo errado ou de ser julgado negativamente acaba impedindo a realização de alguma tarefa. Existe também uma tendência em sempre negativizar o pensamento alheio. Se a pessoa te encarou é porque ela te achou feio ou achou que sua roupa não combina com seu tênis, por exemplo.

Algumas análises mais a fundo relacionam a timidez com um excesso de egocentrismo combinado com uma mania de perfeição. Muitos tímidos sentem vergonha de falar em público ou simplesmente caminhar num parque porque ficam com a impressão que todos estão olhando e observando. Ora, num local com muitas pessoas, serão poucas aquelas que irão te observar. Aí é que está o egocentrismo, a mania do tímido de pensar que sempre vão olhar para ele.
O medo de errar é resultado de uma cobrança interna por perfeição. O tímido não admite erros nem resultados negativos. Mas em alguns casos essa cobrança chega a níveis tão altos que você pára de fazer porque sabe que não vai conseguir. Esse pensamento de que não é capaz é outra característica da timidez. Imagine aquelas situações de programas de televisão em que artistas são colocados a prova, para saltar de para-quedas, por exemplo. A atitude deles de início é sentir medo e dizer que não são capazes. Influenciados por uma quantia em dinheiro, alguns enfrentam o medo e conseguem pular. Alguns não, abrem mão de milhares de reais porque o medo é maior. Extrapolando para o nosso mundo, o salto de para-quedas é qualquer ação que envolva contato com o social, o dinheiro é o benefício dessa ação e o que abre mão do dinheiro é o tímido. Note que ambos sentem medo de início, mas só o tímido opta pelo caminho mais fácil que é perder alguns mil reais para não ter que enfrentar o medo.

Objetivo

Bom, a ideia de fazer esse blog surgiu depois que eu vi que várias pessoas na comunidade Timidez do orkut não conseguiam enfrentar sozinhas a sua timidez. Eu me coloquei no lugar delas porque sofri muito também, e agora que já estou um pouco "curado" seria muito bom se pudesse ajudá-los.

Eu vou começar contando como foram as sessões de terapia que eu fiz em 2010. Espero que motive alguém a buscar ajuda porque timidez é um transtorno que atrapalha a nossa vida e até das pessoas à nossa volta.

Vou descrever como eram as sessões. A psicologia* é uma ciência que estuda o comportamento humano e possui várias vertentes, cada uma para um tipo de transtorno com metodologias próprias (programação neurolinguistica, gestalt, psicanálise, etc). Os estudos sugerem que a melhor linha para ser aplicada às pessoas tímidas é a TCC - Terapia cognitiva-comportamental (Leia mais aqui).

Esse tipo de terapia dá enfoque no tripé SENTIMENTO-PENSAMENTO-COMPORTAMENTO. Assim, o objetivo é mudar o comportamento a partir dos sentimentos e pensamentos. A parte "chata" da terapia é que o terapeuta fica o tempo todo perguntando "O que você sente nessa hora?", "Qual o seu pensamento?", "O que você pode fazer pra enfrentar isso?".

As sessões eram de 50 minutos, uma vez por semana, numa sala fechada. A terapeuta sentava-se numa poltrona e eu me sentava na sua frente. Ela sempre perguntava como eu estava e como tinha sido a semana. A partir de algum episódio envolvendo timidez a gente ia conversando e no final da sessão ela me passava uma atividade pra fazer durante a semana baseada em uma lista de dificuldades que eu fiz.
Eu fazia no centro de aplicação do instituto de psicologia da minha universidade, por isso a terapeuta que me atendia não era formada, ainda era estagiária. Eu tive que parar no mês de dezembro porque ia me mudar de cidade, mas devido aos avanços a terapeuta afirmou que eu já estava pronto para continuar sozinho, sem precisar continuar o tratamento na outra cidade.

Por que eu decidi tentar o tratamento?

Há 4 anos, quando eu tinha 16 anos eu já me perguntava se timidez podia virar caso de tratamento psicológico. Mais pra frente eu vou falar das fases da minha timidez, e todo mundo chega em um ponto que percebe que precisa mudar porque tá deixando a vida ir embora. Por questões financeiras (e também por um pouco de preconceito), sempre adiei o tratamento. Quando fiquei sabendo desse centro da universidade que não tinha mensalidade, eu resolvi fazer. Mas mesmo assim, enrolei 6 meses até criar coragem para ligar e perguntar como era o procedimento.


* Eu não tenho formação em psicologia, o que escrevi aqui é baseado no que me informei durante o tratamento.