Os encontros seguintes foram guiados pela tabela de dificuldades. O objetivo era conseguir enfrentar aquelas atividades e torná-las cotidianas.
As atividades de dificuldade zero (escrever com alguém olhando, fazer compras, beber em um bar) não eram difíceis de fazer, portanto era preciso analisar o que eu sentia na hora. Quando escrevo com alguém por perto não me sinto incomodado. Mesmo se a pessoa possivelmente pensar que minha letra é feia isso não é um problema que eu deva me preocupar. Para fazer uma prova, me concentro e mal percebo a presença dos colegas. Beber refrigerante sozinho em um bar também não é difícil, sempre faz calor aqui e não tem nada de mais em se refrescar com uma bebida. Beber cerveja sozinho seria dificuldade 10, mas isso é pra outro tópico.
Partimos então para a análise das atividades de dificuldade 1 e 2 que seria beber em público na rua. A terapeuta pediu uma situação que eu ficaria tímido. Seria por exemplo eu comprar um refrigerante e sair bebendo na rua enquanto vou para algum lugar. Por que eu me incomodava com isso? Analisando por fora é totalmente sem sentido, mas eu tinha um rigor muito grande sobre os lugares e momentos certos de se fazer as coisas. Eu pensava que o lugar de beber era no bar, na lanchonete, assim como de comer era em casa ou no restaurante. Fazer isso em outras circunstâncias me parecia fora do lugar e assim seria passível de julgamentos negativos.
Então a terapeuta perguntou o que eu penso quando eu vejo uma pessoa andando na rua com uma latinha na mão. Sinceramente eu não penso nada de mais. Ela deve estar com sede, com calor, só isso. Aí ela me mostrou uma característica da timidez: eu não me preocupava com a opinião dos outros, eu me preocupava com a minha própria opinião mas projetava no pensamento dos outros. Ou seja, "beber na rua é errado" não é a opinião da pessoa que vai me ver, é uma opinião minha que eu acreditava que os outros estavam pensando. Mas por que quando era eu o observador eu não fazia o mesmo julgamento? Porque não era um julgamento reto, era um julgamento parcial. Era como se eu fosse o escolhido pra ser julgado negativamente. A sensação é que as pessoas não observam os outros, só observam a mim, e quando o fazem é de forma negativa.
A terapeuta então perguntou o que as pessoas poderiam pensar se me vissem tomando refrigerante na rua. Eu pensei um pouco e disse que no máximo pensariam que eu estava com sede. Daí percebi que o problema não está na atividade em si, o problema é no meu modo de ver a ação. Se fosse analisar, todas as atividades da tabela envolviam a mesma questão: é uma coisa corriqueira que eu não importo de ver alguém fazendo, mas se for eu fazendo todos vão olhar.
Assim a gente concluiu o encontro e eu percebi que devia parar de colocar pensamentos na mente dos outros ou ficar imaginando o que eles estão pensando. Eu não sei o que se passa na cabeça da pessoa, se ela não falar eu nunca vou saber, então pra que gastar tempo pensando nisso?
No final do encontro ela propôs que eu comprasse um refrigerante e tomasse no caminho de volta para casa. Depois das discussões eu me sentia bem motivado e sempre fazia o que ela dizia. Saí de lá, parei numa lanchonete em frente o ponto de ônibus, comprei uma coca-cola e fui tomando dentro do ônibus. Detalhe que eu me sentei na última poltrona, bem isolado das outras pessoas.
Essa primeira conversa me abriu os olhos pra realidade: eu não sou um ponto vermelho numa multidão azul. Se alguém me notar, não vai me julgar por uma coisa tão simples como beber na rua e mesmo que pense uma coisa absurda eu provavelmente nunca vou voltar a vê-la, por que me preocupar?
As atividades de dificuldade zero (escrever com alguém olhando, fazer compras, beber em um bar) não eram difíceis de fazer, portanto era preciso analisar o que eu sentia na hora. Quando escrevo com alguém por perto não me sinto incomodado. Mesmo se a pessoa possivelmente pensar que minha letra é feia isso não é um problema que eu deva me preocupar. Para fazer uma prova, me concentro e mal percebo a presença dos colegas. Beber refrigerante sozinho em um bar também não é difícil, sempre faz calor aqui e não tem nada de mais em se refrescar com uma bebida. Beber cerveja sozinho seria dificuldade 10, mas isso é pra outro tópico.
Partimos então para a análise das atividades de dificuldade 1 e 2 que seria beber em público na rua. A terapeuta pediu uma situação que eu ficaria tímido. Seria por exemplo eu comprar um refrigerante e sair bebendo na rua enquanto vou para algum lugar. Por que eu me incomodava com isso? Analisando por fora é totalmente sem sentido, mas eu tinha um rigor muito grande sobre os lugares e momentos certos de se fazer as coisas. Eu pensava que o lugar de beber era no bar, na lanchonete, assim como de comer era em casa ou no restaurante. Fazer isso em outras circunstâncias me parecia fora do lugar e assim seria passível de julgamentos negativos.
Então a terapeuta perguntou o que eu penso quando eu vejo uma pessoa andando na rua com uma latinha na mão. Sinceramente eu não penso nada de mais. Ela deve estar com sede, com calor, só isso. Aí ela me mostrou uma característica da timidez: eu não me preocupava com a opinião dos outros, eu me preocupava com a minha própria opinião mas projetava no pensamento dos outros. Ou seja, "beber na rua é errado" não é a opinião da pessoa que vai me ver, é uma opinião minha que eu acreditava que os outros estavam pensando. Mas por que quando era eu o observador eu não fazia o mesmo julgamento? Porque não era um julgamento reto, era um julgamento parcial. Era como se eu fosse o escolhido pra ser julgado negativamente. A sensação é que as pessoas não observam os outros, só observam a mim, e quando o fazem é de forma negativa.
A terapeuta então perguntou o que as pessoas poderiam pensar se me vissem tomando refrigerante na rua. Eu pensei um pouco e disse que no máximo pensariam que eu estava com sede. Daí percebi que o problema não está na atividade em si, o problema é no meu modo de ver a ação. Se fosse analisar, todas as atividades da tabela envolviam a mesma questão: é uma coisa corriqueira que eu não importo de ver alguém fazendo, mas se for eu fazendo todos vão olhar.
Assim a gente concluiu o encontro e eu percebi que devia parar de colocar pensamentos na mente dos outros ou ficar imaginando o que eles estão pensando. Eu não sei o que se passa na cabeça da pessoa, se ela não falar eu nunca vou saber, então pra que gastar tempo pensando nisso?
No final do encontro ela propôs que eu comprasse um refrigerante e tomasse no caminho de volta para casa. Depois das discussões eu me sentia bem motivado e sempre fazia o que ela dizia. Saí de lá, parei numa lanchonete em frente o ponto de ônibus, comprei uma coca-cola e fui tomando dentro do ônibus. Detalhe que eu me sentei na última poltrona, bem isolado das outras pessoas.
Essa primeira conversa me abriu os olhos pra realidade: eu não sou um ponto vermelho numa multidão azul. Se alguém me notar, não vai me julgar por uma coisa tão simples como beber na rua e mesmo que pense uma coisa absurda eu provavelmente nunca vou voltar a vê-la, por que me preocupar?
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